segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

blecaute na vila



Eram 23:40. Calor insuportável no subúrbio do Rio de Janeiro. As luzes apagam, as televisões desligam e o escuro impõe o seu terror. Só não foi completamente bem sucedido por que o clima conseguiu abalar ainda mais os nervos da galera. É. Ficar no escuro ( ou à luz de velas) com certeza não abala tanto quanto dormir no silêncio de um quarto sem ar condicionado.
Mesmo com o horário, as reações desesperadas não se continham. Muitos dos moradores da vila pegavam a cadeira de praia, ainda com grãos de areia do último final de semana, e não hesitavam em pô-las na frente de suas casas, para pegar um ar fresco. As crianças corriam desvairadas pela vila, comemorando algo que só acontecia na sua cabeça fantasiosa. Um show de luzes trêmulas ocorria. Misturavam se lanternas, velas, lâmpadas de emergência e tudo mais que a tecnologia até hoje pode nos oferecer para esses momentos.
Depois que uma das moradores da vila informou ter ligado para a Light e ter sido informada de que a luz só voltaria pelas 4 horas, aí é que o pânico virou histeria. Gente reclamando para todos os lados. Reclamavam do calor, dos mosquitos ( será que não estariam aqui se a eletricidade estivese ok?) , da falta de televisão, até da pobre da vela que deixava o recinto ainda mais quente!
Eu, que tenho tendências claustrfóbicas, fui para o terraço da minha casa, onde corria uma brisa suave e a concentração demografica era bem menor. De lá fiquei escutando um pouco de música, observando as estrelas, e , por que não observar o bicho homem? Realemente acho interessante estudar o comportamento das pessoas quando nas mais diferentes situações.
Para um lado haviam silhuetas atrás de uma janela iluminada pelas velas. Desinteressante. Para o outro, as estrelas, ainda brilhando um bocado. Apesar de me fascinar, já tinha tido a minha cota de astromaníaco do dia. E por último mas não menos importante, tinha a reunião da terceira idade, comentando sobre as mais diversas banalidades como "há quanto tempo não tomavam vinho, que seria refrescante nesse momento", " A política fajuta de hoje" e muitas outras coisas, regada às músicas "a la taxi" do meu mp3 player, como " Time after time, because You loved me" e mais alguns hits de algumas décadas atrás.
O relógio marcou 2:40 da manhã. As vozes foram se rarefazendo. As pessoas foram aos poucos se segregando para a fornalha que estavam as suas casas. E então tudo foi voltando ao estado de quase normalidade. Menos eu, com insônia, que fiquei pensando sobre o que postar no blog até que às 3:55 a eletricidade voltou, para a alegria dos que iriam trabalhar ( assim poderiam desfrutar de ao menos uma hora no ar condicionado!)
As estrelas já se despediam.

6 comentários:

  1. Nesses casos eu vou logo dormir, na rede é claro.
    http://joaoaquila.com

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  2. Sabe q eu curti mto esse texto? Blecautes são chatos mesmo, mas não há oportunidade melhor para colocar os pensamentos no lugar!

    Bjins

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  3. Gosto da forma espontânea e simples q tu escreve. Atrai o leitor.
    Esse texto é ótimo, bem humorado, reflexivo.
    Cara... falta de eletricidade é phodaa...
    www.medeirosalencar.blogspot.com

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  4. Olá!

    Gostei muito da sua crônica e modo como vc descreve os acontecimentos e lugares.

    Abraço,

    http://cafecomnoticias.blogspot.com

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  5. Nossa! Que interessante.
    Toda escuridão tem o lado ruim e o lado bom.
    Gostei do texto, muito bom!

    http://coisasdaneguinha.zip.net/

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  6. Ficar no escuro é uma bosta =P, falo mermo rsrsrss
    Vlaaad vc escreve tão bonitinho ^^
    beijo (L)

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